Uma proposta de construção de estrada dentro do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, em Minas Gerais, tem gerado discussões entre autoridades, especialistas, comunidade local e movimentos sociais. O projeto prevê a abertura de uma via de aproximadamente 1,8 km, destinada ao transporte de rejeitos de mineração.
O objetivo, segundo o acordo firmado, é viabilizar o descomissionamento de duas barragens operadas pela empresa Mineração Geral do Brasil (MGB), localizada na Mina Casa Branca. A medida faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2023 pela mineradora, pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pelo Ministério Público Federal (MPF).
📌 Detalhes do projeto De acordo com informações apresentadas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) durante reunião do conselho consultivo do parque, o projeto prevê a circulação de cerca de 2 mil caminhões por mês, cada um com capacidade de até 35 toneladas, por um período estimado de cinco anos.
As viagens serviriam para transportar o material de descaracterização das barragens, como parte do cumprimento das exigências legais de segurança.
🚛 Impactos apontados por especialistas e moradores
Moradores de regiões próximas, como Casa Branca, Brumadinho e Jardim Canadá (Nova Lima), manifestaram preocupações com os possíveis impactos ambientais e sociais da obra. Entre os pontos levantados, destacam-se:
- A sobrecarga na infraestrutura local, com aumento do tráfego pesado;
- A geração de poeira e poluição sonora;
- Os riscos à biodiversidade do parque;
- A possibilidade de impacto em mananciais que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte, como as nascentes dos rios Taboões, Bálsamo e Mutuca.
Representantes comunitários e advogados populares questionam ainda a ausência de consultas públicas prévias e a transparência do processo. Segundo eles, a Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário, determina que comunidades locais sejam ouvidas em projetos que afetem diretamente seu território e modo de vida.
📄 Pontos levantados sobre alternativas
Algumas lideranças locais argumentam que o material a ser transportado poderia ser reaproveitado na própria área da mina para recuperação ambiental, o que eliminaria a necessidade de abertura da estrada dentro do parque.
Além disso, questiona-se a inexistência de estudos técnicos que comprovem que esta é a única solução possível para o escoamento dos rejeitos.
🔍 Sobre o histórico e a desconfiança da sociedade
O caso ocorre em um contexto de desconfiança generalizada em relação a projetos minerários no estado. Episódios como a polêmica da Serra do Curral e o projeto do Rodoanel levantaram críticas sobre a política ambiental de Minas Gerais e possíveis favorecimentos a interesses privados.
O envolvimento do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, como representante da MGB, também foi citado por ativistas como um fator de preocupação, devido a investigações prévias sobre sua atuação na área.
📢 Posicionamento da sociedade civil
Movimentos como o “Rola Moça Resiste” têm se mobilizado para pedir maior clareza sobre o projeto e a realização de auditorias externas que verifiquem a real necessidade da intervenção.
As lideranças cobram:
- Consulta prévia às comunidades afetadas;
- Estudos técnicos independentes;
- Avaliação de alternativas menos impactantes;
- Transparência total em todas as etapas do processo.
🧩 Posicionamento da mineradora e autoridades
Até o momento, a mineradora Mineração Geral do Brasil não se pronunciou oficialmente sobre as críticas. A reportagem de origem do conteúdo segue aguardando posicionamento para atualização das informações.
As autoridades estaduais e federais envolvidas no TAC argumentam que o projeto tem por finalidade atender às exigências legais de segurança, no contexto da descaracterização de barragens, e que seguem sendo respeitadas as normas ambientais aplicáveis.
🔎 Conclusão
O caso da estrada no Parque Estadual da Serra do Rola Moça segue em andamento e desperta atenção tanto da sociedade civil quanto das autoridades ambientais. Enquanto as discussões avançam, a expectativa é que novas audiências públicas e análises técnicas possam trazer mais esclarecimentos sobre os impactos e alternativas possíveis para o projeto.
Brenda Tavares





